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Paulo Guerra foi um dos melhores especialistas europeus de corta mato. Determinado, resiliente, com um estilo característico baseado na força, o alentejano subiu ao pódio no Mundial de Belfast 1999, perdendo apenas para os quenianos Paul Tergat e Patrick Ivuti. Um lugar no pódio no Mundial apenas alcançado por mais dois portugueses: Carlos Lopes e Fernando Mamede.

A partir de 1990, foi, a par do ucraniano Sergey Lebed (2.º Oostende, Bélgica), um dos atletas nascidos no velho continente a intrometer-se no domínio africano na difícil especialidade do corta mato mundial.

Em três ocasiões foi o melhor atleta nascido no velho continente no Mundial. E também por três vezes ficou num dos seis primeiros lugares: foi 6.º em Durham, United Kingdom 1995, 3.º em Belfast, United Kingdom 1999 e 4.º em Oostende Bélgica 2001.

Realizando épocas de inverno como verdadeiro especialista de crosse, vencendo os tradicionais crosses, foi no Campeonato da Europa onde obteve os seus melhores resultados: ganhou quatro das sete primeiras edições e sendo segundo numa outra. Melhor na história da prova apenas Sergey Lebed, que ganhou oito vezes entre 1998 e 2008.

Natural da vila alentejana de Barrancos, Paulo Guerra herdou do seu avô paterno uma educação austera que transferida para o desporto começou desde muito cedo a evidenciar-se em vitórias como atleta no Barrancos Futebol Clube, o Zona Azul, o Grupo Desportivo Diana e o Arraiolense, onde em 1989 foi Campeão Nacional de Juniores em Corta Mato

Na época seguinte, já sénior, deixou a sua vila natal, veio viver para Lisboa, passando a ser treinado por Moniz Pereira e Bernardo Manuel, integrando uma grande equipa no Sporting.

Nos Campeonatos de Portugal de Corta-Mato subiu ao pódio um total de dez vezes, a última das quais em 2007, aos 37 anos e já em final de carreira. O fundista foi sucessivamente 12.º em 1991, sétimo em 1992, quinto em 1993 e segundo em 1994, até que chegou ao título nacional em 1995, feito que repetiria em 1996, 1997, 1999 e 2001,

Na pista, o atleta alentejano, que em finais de 1993 trocou o Sporting pelo Maratona e o treinador Bernardo Manuel (que sucedera a Moniz Pereira um ano antes) por Rafael Marques, também se distinguiu nos 10.000 metros. Sagrou-se campeão ibérico e nacional em 1994 e 1995, foi quinto no Campeonato da Europa de 1994 e oitavo no Campeonato do Mundo de 1995. Mas desistiu nas eliminatórias dos Jogos Olímpicos de Atlanta’1996. Depois de uma época de 1997 sem competir, por lesão, bateu o seu recorde pessoal no Challenge Europeu realizado em Lisboa, em Abril de 1998, com 27.50,17.

Nesse ano decidiu dedicar-se à maratona. Teve uma estreia auspiciosa, sendo sexto em Berlim, em 1998, com 2.11.01 horas. Mas, depois, desistiu em Roterdão’2000 e só voltou à distância em Lisboa, em 2004, mas limitando-se a completar a prova no 16º lugar. Vários problemas físicos começaram a afetá-lo e, salvo um então surpreendente segundo lugar no Campeonato de Portugal de Corta-Mato de 2007, não mais conseguiu posições de relevo.

Retirado da competição, Paulo Guerra tornou-se um empresário, dividindo a sua vida pessoal entre Portugal, Polónia e Brasil.

Em 2013 viria a retomar a sua ligação com o Atletismo, quando passou a ser embaixador e técnico do Programa Nacional de Marcha e Corrida, primeiro no Jamor, passando depois para Lisboa e Loures onde continua presentemente a intervir ativamente na dinamização destes Centros.


Texto de Cipriano Lucas



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